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TECNOLOGIA NA AULA

Levantamento indica que as escolas públicas de capitais brasileiras têm computadores. O desafio está em usá-los a serviço da aprendizagem

Chamar as crianças e os adolescentes de "nativos digitais" já se transformou num lugar-comum. De fato, eles têm intimidade com os computadores, além de interesse em navegar pela internet. Essa é uma característica que deve ser aproveitada pelo professor para trabalhar os conteúdos de currículos da alfabetização ao 9º ano. Ao mesmo tempo que existe a necessidade (e a vontade) de incorporar as tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, surge a dúvida: como fazer isso no cotidiano?

Para mapear o uso dos computadores e da internet, a Fundação Victor Civita (FVC) encomendou ao Ibope uma pesquisa em 400 escolas públicas de capitais brasileiras (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo). O levantamento, que tem patrocínio da Abril Educação, do Instituto Unibanco e do Itaú BBA, traz dados valiosos sobre a infraestrutura, a formação de professores e a importância do planejamento escolar para o bom uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs).

Ter equipamentos é a condição básica para realizar atividades pedagógicas diferenciadas (confira alguns dados da pesquisa abaixo). Pelo menos em relação à infraestrutura, as escolas das cidades pesquisadas estão em boa situação: 98% têm computadores. Segundo o levantamento, o acesso à internet, um item importante para a realização de algumas ações pedagógicas, já é feito por meio de conexão de banda larga em 83% das instituições. Quando se expande o olhar para além das capitais, porém, a realidade é menos otimista. De acordo com o Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC) de 2008, apenas 35% das instituições de ensino espalhadas pelos mais de 5,5 mil municípios têm acesso à internet.

A formação para o uso de tecnologias ainda é mal avaliada

Usar o computador e a internet em prol da aprendizagem exige atenção aos conteúdos (conheça abaixo as experiências de vencedores do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 de 2009 que incluíram a tecnologia em suas estratégias de ensino). Apesar de 29% das escolas terem participado de formação em TICs nos últimos 12 meses, a maioria considera os cursos pouco úteis para o dia a dia em sala de aula. Além disso, 56% dos entrevistados consideram que sua formação inicial não os preparou para inserir recursos tecnológicos nas aulas. "O ideal é priorizar os conteúdos específicos das disciplinas e incluir as novas tecnologias como ferramentas para facilitar a aprendizagem", afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA e da FVC.

Outro diagnóstico interessante diz respeito ao planejamento escolar. A pesquisa detectou que a inclusão do computador no projeto pedagógico faz diferença no nível de utilização deles. Noventa e quatro por cento das escolas que inserem o recurso em seu projeto fazem um uso pedagógico mais avançado, como a criação de sites e blogs. O mesmo vale para os professores. Em 67% dos casos, os que consideram as tecnologias no roteiro das aulas elaboram atividades mais interessantes.

Se por um lado os investimentos em infraestrutura já permitem que muitas escolas, pelo menos nas principais capitais, tenham computadores e acesso à internet, por outro os professores carecem de formação focada em suas disciplinas. Saber operar programas e equipamentos - que mudam cada vez mais rapidamente - não deveria ser a principal demanda de gestores e professores. O verdadeiro desafio está em associá-los aos temas de estudo para realizar melhor a tarefa de ensinar[...]

Fonte: Revista Nova Escola/ Edição 228 | Dezembro 2009

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